domingo, 8 de abril de 2012

Mulher de minutos de Mônica Montone


Mulher de minutos


Não sou mulher de minutos

Daquelas que os segundos varrem para debaixo do tapete sujo

Não pinto os cabelos de fogo

Nem faço tatuagem no umbigo

Me recuso a usar corpetes e cinta-liga


Há sementes em meu ventre

São poemas que ainda não reguei

Prefiro guardá-los em silêncio

Até que o tempo amadureça meus minutos

E a vida me contemple com seus frutos


Não borro meus cílios com a solidão da noite

Nem pinto meu rosto com a palidez das manhãs

Meu corpo é feito de marés

Onde navegam mil anseios

Veleiros sem direção

Estou sempre na contramão

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