domingo, 8 de abril de 2012

Mulher de minutos de Mônica Montone


Mulher de minutos


Não sou mulher de minutos

Daquelas que os segundos varrem para debaixo do tapete sujo

Não pinto os cabelos de fogo

Nem faço tatuagem no umbigo

Me recuso a usar corpetes e cinta-liga


Há sementes em meu ventre

São poemas que ainda não reguei

Prefiro guardá-los em silêncio

Até que o tempo amadureça meus minutos

E a vida me contemple com seus frutos


Não borro meus cílios com a solidão da noite

Nem pinto meu rosto com a palidez das manhãs

Meu corpo é feito de marés

Onde navegam mil anseios

Veleiros sem direção

Estou sempre na contramão

Poesia de Carmem Moreno retirado do site www.almadepoeta.com

Ainda
Dizer urgente do amor
Ao amante

Antes que se quebre

O tempo

E os ouvidos –

Dissolvidos na terra

Não apreciem mais

A carícia das sílabas


Antes que as mãos

Tímidas de dar

Cessem de vez

Os movimentos

E todos os gestos

Virem ossos


Dizer urgente ao amigo

O valor do vínculo

Que só o amigo costura

Só o amigo cozeduras

Cozimentos cerziduras

Que só o amigo estanca

Os sangramentos


Dizer urgente do amor

Sem resistências

Antes que a língua

De súbito se cale

E o amor –

Preso por reticências

Maledicências

Medos mágoas

Role pelos ralos


Antes que o amor

Quedado pela foice

Faça da palavra não dita

Eterno açoite

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Cisne negro.

Nina (Natalie Portman) é uma bailarina da companhia  novaiorquina de balé. Sua vida, como a de todos nessa profissão, é inteiramente dedicada pela dança. Ela mora com a mãe, Erica (Barbara Hershey), bailarina aposentada que incentiva a ambição profissional da filha. O diretor artístico da companhia, Thomas Leroy (Vincent Cassel), decide substituir a bailarina principal, Beth MacIntyre (Winona Ryder), na apresentação de abertura da temporada, O Lago dos Cisnes, e Nina é a primeira escolha. Mais surge uma concorrente a nova bailarina, Lily (Mila Kunis), que deixa Thomas, o diretor impressionado.

Focar, pensar e atrair energias positivas

Estamos passando por uma mundança energética muito grande. Pessoas que espalhavam o que as vezes nem haviam ouvido estão fazendo isso mais intensamente. Comentários maldosos invadem todos os lugares.
Vamos ter que ser mais maduros, mais espertos e não deixar essa onda de energia ruim nos invadir e nos tomar.
Respiremos,oremos. É na oração que Jesus conseguiu a paz, somos imperfeitos, mas quando oramos o Deus que nos habita se faz feliz.
Tenhamos força. As pessoas que não brilham, que não tem expressão, tentam prejudicar quem Deus presenteou. Vamos acreditar que Deus está nos carregando em seus braços para que passemos por tudo isso.
Merecemos a felicidade.
Boa Páscoa
Saudades de Vocês.

terça-feira, 3 de abril de 2012

A Viviane Rufino me pediu um texto, ele tinha que ser revisto pela Profª Renata

Ainda há esperança.

Em meio a tanto desamor, vejo um casal de adolescentes que deixam o amor florescer em suas vidas, lutam, vão contra tudo e todos que querem separá-los. Meu coração que parecia um vulcão inativo resolve aquecer. Está inativo, pois as pessoas que passaram por mim resolveram brincar com o que tenho de mais valioso, minha sensibilidade.

Voltando ao casal feliz, vê-los junto me aquece o coração, é um amor no mínimo bonito. Tem tudo de romântico: andam de mãos dadas; ele, como um cavalheiro à moda antiga, a mima, agrada. É tão lindo que dá vontade de sair buscando o AMOR.

Mas amor se busca? Ou ele te encontra? Seria tão bom se as flechas do cupido fossem certeiras e nos unissem a pessoas tão especiais quanto nós mesmos. Mas esse anjo matreiro insiste em nos mostrar umas pessoas estranhas, que não têm afinidade nenhuma conosco e ainda fazem questão de muitas vezes nos humilhar.

Ainda há esperança. É só olhar para Gabriel e Daviny, o brilho no olhar, o sorriso que insiste em se abrir. A vontade que ele tem de provar, o tempo todo, que a ama e que por nada deste mundo irá deixá-la. Seriam eles muito jovens? Este amor sobreviverá a tantas experiências que o tempo trará, às inúmeras tentações que uma nova escola, emprego e uma faculdade possam oferecer?

Espero que passem por tudo isso e sobrevivam às tentações do mundo mundano. Que levem esse amor a sério. Que se casem e tenham filhos. Que sejam felizes enquanto for possível. E quando não for mais, que seja possível olhar nos olhos e ter certeza de que valeu a pena.

Vocês são uma lição de vida para os mais velhos que não conseguem mais viver um amor gostoso, suave, divertido. Há cobranças, ciúmes, que geralmente terminam com um beijo na boca, um “me desculpe” doce que aquece a alma.

Gosto de vê-los juntos, alegra meu coração, minha alma. Mantenham essa chama acesa enquanto for bom para ambos e nos brindem com essa plena demonstração de amor de séculos passados em pleno século XXI.
Islene A. de Pedro
Revisão: Renata Bassan

domingo, 1 de abril de 2012

Lara de Lemos

Lara de Lemos
1925 -

Lara de Lemos nasceu em Porto Alegre. Desde 1977 mudou-se para Nova Friburgo. Casou-se, teve 3 filhos e adotou um. Agora (2008), já bem idosa, mora no Rio de Janeiro. Sobre seu início da poesia, Lara falou ao Jornaleco, de Nova Friburgo, em 2003:

"Eu tinha uns seis anos. Bom, aí, um dia no colégio uma menina me disse: Lara faz um versinho para o meu cachorro; e eu respondi: faça você, é tão simples! Ela disse assim: Mas eu não sei! Então, quando ela disse “eu não sei”, eu me descobri como uma pessoa errada, era como se eu fosse corcunda, eu pensei que todo mundo soubesse escrever poesia. Então quando eu descobri que nem todo mundo sabia escrever poesia, eu passei a escrever escondida. Eu me escondia pensando: Meu Deus, fazer poesia é uma coisa esquisita. Tanto assim que, a primeira vez que eu escrevi pra uma revista na faculdade, na PUC de Porto Alegre, o meu tio encontrou um professor meu que disse pra ele: meus parabéns; e o meu tio: Parabéns porquê? Pela sua sobrinha que tirou o primeiro lugar de poesia. Aí descobriram, na minha casa, que eu escrevia poesia. Aquilo pra mim foi um choque terrível. Quando me perguntaram sobre o que eu tinha escrito, eu comecei a chorar. Porque eu achava aquilo uma coisa tão íntima, tão pessoal. Como religião, uma coisa íntima que se as pessoas querem mexer com isto, me faz muito mal. Amor, poesia, religião, e escovar os dentes, são coisas muito íntimas."

Lara de Lemos concluiu, em 1945, o curso de História e Geografia na PUC/RS, onde também se formou em Pedagogia, em 1951. Dois anos depois, terminou o curso de Língua Inglesa e Literatura Contemporânea da Southern Methodist University, em Dallas (Estados Unidos). Seus primeiros trabalhos literários, Homem no Bar e Mulher Só, foram publicados em 1955, na Revista do Globo. Em 1959, foi co-autora do Hino da Legalidade, do movimento popular pela posse de João Goulart. Entre 1957 e 1994 colaborou em periódicos gaúchos como Correio do Povo, e cariocas, como Jornal do Brasil e Tribuna da Imprensa. De 1966 a 1978, foi coordenadora da Seção de Estudos de Relatórios Anuais de Estabelecimentos de Ensino Secundário, funcionária do Departamento de Assuntos Universitários e técnica em Assuntos Educacionais, no Rio de Janeiro RJ. Nos anos de 1970, foi membro do Conselho Editorial da Editora Expressão e Cultura, professora-assistente de Economia Política da Faculdade Cândido Mendes e conferencista. Fazem parte de sua obra poética os livros Poço das Águas Vivas (1957), Canto Breve (1962), Aura Amara (1969), Palavravara (1986) e Águas da Memória (1990), entre outros. Sobre sua poesia, de tendência contemporânea, afirmou o o crítico Gilberto de Mendonça Telles: "o que se conta na poesia de Lara de Lemos é o que, felizmente, constitui a maior parte de sua obra: são os poemas de corte tradicional, onde uma e outra preocupação da retórica vanguardista não chega a desequilibrar a armadura do poema. (...) É aí que a poetisa consegue excelentes resultados, tornando-se uma das melhores poetisas brasileiras da atualidade."

Poemas


Cantiga do Pressentir

A noite já nos espreita
e permaneço esquecida
à beira do meu destino.
És tardo porque ignoras
que vivo do que adivinho.

Repele a palavra esquiva
não te cubras de distância,
estende um lenço, um soluço,
troca teus olhos de ausente
por dois claros de esperança.

E vem, que te aguardo ainda
nesses linhos de aconchego,
em braços de puro embalo,
em plumagens de mornura,
em claras nuvens de espuma.

Enquanto não me descobres
me perco em falas menores,
me reparto sem vontade,
tropeço pedras amargas,
naufrago secretos mares.